06 abril, 2014

Perdida em mim mesma


Então eu acordei em uma vida que não era minha, e talvez nunca irá de fato me pertencer. Acordei, me levantei e fui andando até o banheiro. Lavei o rosto e me olhei no espelho. Eu havia mudado tanto, o tempo e as circunstâncias me modificaram a ponto de que nem eu mesma sabia se era eu realmente que refletia no espelho. Onde eu deveria estar nesse momento? Não sei, realmente eu não sei. A gente percebe que mudou quando começa a fazer coisas que nunca fez parte de você. 

Pintar as unhas do pé de vermelho, sair todo final de semana, passar horas e horas vendo vídeos no youtube, usar roupas coloridas, comer comida italiana, dormir antes da meia noite. Tomar vitamina de banana, cortar franja, ser simpática com todos, sorrir para alguém no ônibus, abraçar meu pai todo dia, chorar ao assistir um filme romântico, passar horas estudando inglês, comprar sombra colorida, usar as roupas que nem me lembro mais que tenho, não usar lápis de olho todos os dias. 

Eu queria poder entender tudo que está acontecendo, queria entender porque ultimamente as lágrimas insistem em não cair, queria entender porque esse nó na minha garganta não desata uma vez por todas. É terrível o sentimento de que as coisas tomaram um rumo contrário ao que você achou que iriam tomar. "Let it go". Caminhei de volta até meu quarto, sentei-me na cama e peguei o álbum de fotografias que mais me marcaram. Com essas fotos eu aprendi que ali está o "pra sempre". 

Simples de entender, basta você parar para pensar um pouco ao certo. O para sempre estão nas lembranças, nas fotografias e não nas pessoas. Pessoas no fim sempre se vão, ou nem mesmo esperam a primavera acabar. As lembranças são o "para sempre" pois elas nunca vão embora. Pode ser que caiam no esquecimento, mas basta um perfume, uma palavra, um momento e elas vem atona de novo. Quem dera algumas lembranças realmente fossem embora, principalmente aquelas que me tiram o sono e me fazem sufocar com um nó na garganta. 

"Stay Strong" Seja forte. Nada dura para sempre e em breve esse nó desata. Escrevo para mim mesma, a espera de que a qualquer momento esse nó realmente desate. Queria realmente saber onde fui parar, a garota mais boba do mundo pra chorar, onde eu estava? Não sei. Realmente eu não sei. Uma hora quem sabe eu me encontre por ai, sem nó na garganta, sem lágrimas que insistem em não descer, sem momentos não vividos, sem lembranças. Quem sabe eu volte a me encontrar, porque meu caro, a pior coisa do mundo é quando a gente dorme e acorda sem saber quem realmente somos. É pior do que perder alguém que se ama, simplesmente é o pior sentimento que existe. 

(Jheny Lopes)

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